quarta-feira, janeiro 24, 2007

Engasgada

Na ultima semana o ritmo de trabalho começou a ficar mais intenso. O Plano Diretor vai ser discutido no final semana e fico pensando nas áreas de preservação de ricos e nas zonas de proteção de pobres. Uma lástima mesmo, já que vai ser apenas um documento que vai ser aprovado na câmara para regulamentar o uso do solo onde interessa e nenhum mecanismo de gestão será implantado para equilibrar o outro prato na balança. Vai ficar tudo no papel. Mas não perco mais minhas noites de sono com isso. Daqui 10 anos é tempo suficiente para a cidade piorar e termos mais uma oportunidade de mudar algumas coisa. Tomara que não seja outra oportunidade perdida. Energia demais meu Deus. Hipocrisia demais.

E sei lá o que anda havendo que ando mais desmiolada que os outros dias. Não sei se ainda é reflexo de início de ano, mas nos últimos dias tenho me sentido um pouco desnorteda. (e fraca para bebida. é mole?). Uma sensação que devia seguir um outro caminho ou definir minha vida de vez. Uma vontade de ter meu canto, minha paz. Uma vontade de chegar em casa e não ter que encontrar alguém para questionar sobre meus passos. Nem sentir obrigação de responder a estúpida pergunta: “Quê que você está pensando?” quando você quer apenas sentar à mesa para jantar e refletir sobre a vida. “Não aconteceu nada, só quero ficar assim, calada, na minha.” (Se alguém conseguir me deixar em paz...)

Queria ler um livro sem ser interrompida pelo volume alto da TV. Queria cozinhar para meus amigos. Queria ter a liberdade de conversar ao telefone sem alguém ficar escutando a conversa. Ô sensação de estar sufocada e não poder fazer muita coisa para mudar isso. Impotência total! Ai como eu queria que meu guarda-roupa tivesse chave e puder sair de casa no meio da noite sem dar satisfação para ninguém. Putz, hoje estou precisando se descanso.

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro pra ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura

O rio corre, bem ou mal
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Que venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar , seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

(Fernando Pessoa)

2 comentários:

Anônimo disse...

Lembrei daquele guarda chuva da Mary Poppins (que eu nem gosto muito), mas a leva para viajar quando os ventos mudam.
Até eu quero um desses.

Mário Aragão disse...

sufoco
(ô) [Dev. de sufocar.]
Substantivo masculino. Bras. Fam.
1.Grande urgência; pressa; azáfama, afã.
2.Grande inquietação; medo, ansiedade, angústia.
3.Aperto, apertura, dificuldade.
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Para mudar é só começar, torço por você, já passei(e ainda passo) por estas inquietações.

Beijo na moleira!