quarta-feira, fevereiro 28, 2007

E a chuva cai

E para quem pensava que a chuva seria aquela da sexta feira do carnaval que deixou 2 mortos na capital cearense se enganou. Hoje o dilúvio voltou a cair do céu e espero que a catástrofe não seja a mesma.

Mas hoje não vou ironizar. Porque seria um desrespeito àquelas pessoas que estão agora com água dentro de casa. Se vendo obrigadas a ficar lá para não perder tudo de vez. Segurando as crianças para elas não se afogarem na correnteza do Rio Maranguapinho e tentando espantar as cobras e ratos que passam nadando entre as pernas e as caranguejeiras que se abrigam entre os caibros do barraco prestes a cair.

Este é o retrato de todo inverno. O problema é grande sei, mas por ter participado do primeiro ano de gestão, também sei que seria possível amenizar esse sofrimento para boa parte das famílias. Acontece que a Prefeitura não quer. Não quer meeesmo. Dois anos se passaram e menos que 3 centenas de casas foram construídas. (!) E por quê? Posso citar vários aspectos: a completa incompetência do asno que está a frente disso, a falta de noção da problemática por toda administração, o desmantelamento da máquina administrativa, a “política habitacional” do samba do crioulo doido, a ausência de pessoas capacitadas para colocar processos licitatórios para frente e por aí vai. Dinheiro? Não... Dinheiro tem e muito, só não é permitido o acesso a ele. Deve-se primeiro passar por um processo de penitencia e súplica para a prefeitura liberar as contrapartidas necessárias para acessar o recurso do Governo Federal. Isso claro se a prefeitura fizesse concurso público para montar quadro de funcionários que produzam projetos, já que como existe um nó no setor de licitação da HABITAFOR (a incompetência é tão grande ), eles não conseguem nem desenrolar licitações para elaboração de projetos básicos. A prefeitura tem terras oriundas do fundo de terra, tem dinheiro, teria quadro de funcionários (se quisesse), teria coordenação de pessoa capacitada e eficiente (se quisesse), teria equipamentos que promovesse maior velocidade em levantamentos topográficos sem depender da SEINF (se quisesse), teria regularização fundiária (se quisesse) teria programa de ZEIS (se quisesse)...

Mas... como a prefeitura NÃO QUER, o jeito é morrer de raiva desse povo que fala demais e não faz quase nada. Incompetentes. No campo da habitação e do desenvolvimento urbano continuamos na era Juraci, contando com a mesma truculência disfarçada de participação popular. (rá, rá, rá) É rir pra não chorar. E salve a aliança Prefeitura-SINDUSCON.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Ó quarta feira ingrata, chega tao depressa só pra contrariar...

Carnaval perfeito. Melhor impossível. Tava até torcendo pra chegar em casa logo, pois cheguei a ficar com medo de dar alguma grande merda no final. Quando a coisa tá boa demais a gente fica com medo mesmo.

Daí que não sei por onde começar. Talvez agradecendo a nossa querida amiga Val pelo apartamento perfeito que ela conseguiu. Com vista para o mar de Boa Viagem, banheiros limpinhos, cozinha ampla com direito a toda louça, panelas, microondas, freezer e geladeira. Enfim, tudo de bom.

Tudo de bom também foram todos os dias. Cada um mais cômico que o outro. A idéia seria abrir um tópico em nossa comunidade para relatar as marmotas. Mas vamos recordar do alerta de nossa amiga de codinome “Margarida” que teremos que usar codinomes para evitar a identificação.

A figura que tornou nosso carnaval inesquecível foi a Margarida. Como diria nossa amiga “das Chagas”, o que seria do carnaval sem a Margarida? No sábado, a Margarida deu uma sumida valendo e niguém soube dizer o que ela estaria fazendo entre o caminho da rodoviária até o apartamento. (Já que ela levou 5 ou 6 horas pra chegar no apto.) Suas participações diárias na comédia geral foi desde a barrinha de cereal que ela misteriosamente perdeu durante sua ida a Olinda, passando por dificuldades em chegar a tempo ao banheiro e indo até o ponto de aparecer hematomas na cocha que nosso amigo “arôzin” especulou ser resultado da perda da barra do cereal. Para ilustrar, eis que no domingo pela manha Margarida entra no quarto, pisando na ponta dos pés, chegando da farra da noite anterior. Eu acordo e pergunto:

-Margarida, chegando agora?
-É cara, tu não sabe, eu fiquei com o Jardel!
-Não Margarida, você não ficou com o Jardel.
-Fiquei sim. Fiquei com o Jardel.
-Não Margarida, não ficou. Você ficou com o Gerson.
-Não eu fiquei com o Jardel!!
-Não ficou não, porque EU que estava com o Jardel.
-Ai é?! E quem era aquele japonês de cabelo comprido?
-Era o Gerson, amigo do Jardel.
-Ai é?! Então foi... eu fiquei com ele.
-Meu Deus Margarida, tu não sabe nem o nome do cara com quem tu ficou até agora?
-Bem... ele falava o nome dele e eu esquecia. Acabei confundindo tudo...
-Aff...

Mas enquanto isso, em Olinda, um amigo baiano, depois de beber todas e ficar ensandecido, resolveu colocar o quarto que estava dividindo com amigos abaixo, enquanto os outros saíram para comprar vodka e coca-cola. Depois de revirar o quarto e rasgar a bóia a qual um deles dormia com uma mordida, a criatura foi encontrada estirada no chão do quarto onde negou qualquer conhecimento sobre o que realmente tinha acontecido. Mais tarde, quando os amigos foram procurar a vodka para reiniciar as atividades carvanalescas, souberam que o baiano tinha distribuído toda a bebida para as pessoas da casa onde estavam. (Bêbo é foda!) Daí os amigos, achando que tinha passado tudo, resolveram dar uma saída para seguir alguns blocos em Olinda. Quando voltaram, estava o amigo baiano no quarto, mais uma vez estirado no chão, desta vez encontraram o banheiro revirado. O baiano tinha arrancado a cortina do box revirado novamente as coisas e no meio do quarto foi encontrada aquela rosquinha cor de rosa que fica pendurada na borda da privada pela metade. Mais uma vez o cidadão negou qualquer lembrança sobre o causo. Pela situação, foi aberto inquérito para apuração e surgiu todo tipo de teoria sobre o que realmente teria acontecido para uma pessoa sair de si desta forma e causar tamanho destroço. A mais aceita é que nosso amigo teria sido surpreendido por outro elemento do mesmo sexo e por isso, não se perdoava pelo acontecido. Isso explicaria a raiva e a amnésia repentina. Bem... para não maldarmos a situação, vamos ficar com a versão da vítima que diz não se lembrar de nada e que fica agressivo quando bebe.

Comparando o baiano e a Margarida, o baiano realmente deixa a Margarida na chinela.

Para constar nos autos deste fatídico carnaval, parabenizo as cozinheiras que fizeram a pasta deliciosa, em especial as profissionais da maquiagem.

Bem... outros acontecimentos não podem ser relatados aqui. Algumas coisas que acontecem no carnaval é melhor a gente guardar pra si.
Nem precisa contar mais coisas né? Fantasias super engraçadas, alegria, gargalhadas e muitos beijos e abraços. (lógico!) Já estou com saudades... droga! esse carnaval de 2008 tá demorando muito!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Mais um capítulo

Início de ano interessante esse. Mais uma vez a Prefeitura mostra sua cara e, contando com sua covarde estratégia de manipulação e gestão burra, consegue aprovar o Plano Diretor com o aumento dos índices urbanísticos para a maior especulação e um desconto de 50% na outorga onerosa do direito de construir para que o SINDUSCON faça a festa. E depois não terá quem agüente dar ouvidos aos ambientalistas da “base política” da prefeita a bradar por ventilação, espaços livres, Fortaleza Bela e verde.

Mas hoje eu quero fazer outro tipo de crítica. Voltemos à crítica dos profissionais da área. Àqueles arquitetos que não tem nenhum compromisso com a cidade. Aqueles que estão a serviço dos proprietários de terra e que reproduzem o discurso débil tecnocrata. Aquelas pessoas limitadas que sujam a imagem da classe. Lembremos-nos que, graças a Deus, existem pessoas que fazem a diferença. Não vamos generalizar. Porque a cada merda que esse povo fala, tenho que ser mais firme na defesa da minha profissão.

Apesar dessas criaturas bizarras que se dizem arquitetos de “prestígio” ainda terem algum tipo de visibilidade, acredito que um dia essas pessoas morram. Profissionalmente já vemos a morte política de alguns que já são conhecidos como pilantras e picaretas. Ou de outros que são ridicularizados pelos discentes nas universidades. Sendo suas declarações na mídia motivo de piada nos corredores das universidades.

Neste processo, ficou mais claro para quem essas figurinhas repetidas trabalham. Bem que eu não tinha muita dúvida disso, visto o histórico de cada um. O que temos presenciado nada mais é que profissionais desalinhados com o período político. Profissionais que ainda vivem o movimento moderno em pleno mundo globalizado e que utiliza de conceitos superados para enfatizar um modelo de desenvolvimento falido.

Este domingo o jornal O Povo dedicou 4 páginas para debates sobre o Plano Diretor. Muito interessante mesmo. Resolvi destacar alguns trechos sintomáticos:

Pérola 1
“Fujita também reclama da abrangência das chamadas ZEIS, voltadas para solucionar o problema das ocupações irregulares. " Nos arredores da Santos Dumont, por exemplo, existem ocupações irregulares que a prefeitura quer tornar ZEIS. Mas não se pode negligenciar a vocação para comércio e serviços em toda aquela área. As ZEIS devem se restringir apenas à área irregular", diz.” Leia-se: Nesse filezinho de cidade, pobre não pode morar. Porque eu, todo poderoso especulador, sei que a vocação desse lugar aqui é comércio e serviço para os ricos que moram aqui por perto. E o fato de ter um monte de favelas aqui por perto não significa que aqui seja lugar pra pobre. Quer reassentar esse povo sujo e inconveniente, que reserve um terreno lá nas quebradas sem água, esgoto, vias, transporte nem serviços. Porque lá que é o lugar deles. Ta louco? Pobre morando na Santos Dumont? Onde já se viu isso?

Pérola 2
“O arquiteto José Sales critica a falta de suporte técnico no novo projeto. "Este besteirol sempre divulgado da morte do planejamento urbano e do nascimento desta nova ordem participativo popular é uma mensagem puramente midiática", afirma.” Bem... acho que esse “besteirol” eu não preciso comentar. Qualquer pessoa esclarecida consegue perceber o naipe desse daí. Até porque o que está sendo discutido não a morte do planejamento (o cara é tão sem noção que não sabe nem o que está em jogo. Ou sabe e acha que fica bem na fita fazendo papel de besta).

Pérola 3
Rochinha- "Uma das principais reclamações do órgão (IAB) é a ausência, segundo afirma, de um "desenho" da cidade que se pretende construir e ainda à falta de uma fundamentação teórica." Bem... é triste ver que o presidente do IAB não consiga ler o desenho de cidade sugerido neste Plano Diretor. Ignorância é o ó. (Ou poderemos também fazer a leitura da conveniência deste tipo de declaração para quem quer desqualificar o processo). Existe um desenho sim! Um desenho urbano inclusivo. A implantação de instrumentos do Estatuto da Cidade de combate a especulação e incentivo para que seja exercida a função social da propriedade. Um Plano Diretor resultado dos anseios da população. (Por mais que o processo tenha sido falho devido às seguidas sabotagens da prefeitura e do SINDUSCON.) Devo ressaltar que EU NÃO SOU SÓCIA DO IAB E NÃO ME SINTO REPRESENTADA POR ELE. Meu conselho é o CREA e estou participando das discussões internas. Apesar de lá também estar tudo dominado.

Pérola 4
“Não sei se isso (a metodologia de participação popular) é produtivo. Não sei como um plano diretor pode ser feito com uma multidão debatendo em um ginásio. É preciso um foro qualificado para este debate, do contrário vira uma balbúrdia" diz o arquiteto Romeu Duarte, superintendente do IPHAN” Não vou rebater uma declaração tão estúpida como essa. Vindo de uma pessoa que não participou de nenhum momento. Não foi a nenhuma reunião de bairro, nenhuma audiência e se acha no direito de abrir a boca e falar tamanha bobagem. Bem... é outro ignorante. Ignora o trabalho de formação que foi feito com as lideranças. Trabalho feito brilhantemente pelo CEARAH Periferia. Porque a prefeitura promoveu uma encenação dizendo que era formação. E ainda assim mal e porcamente. O Movimento Popular, depois das oficinas e cursos, estava tão preparado que os profissionais e empresários foram pegos com as calças na mão, sem avaliação do documento e sem propostas. Chegaram ao ponto de promover o golpe que foi o adiamento do Congresso (E não esqueçamos da chancela da Prefeitura). Engraçado que eles mesmo estavam utilizando o discurso de ter maior debate. Logo eles que prejudicaram os momentos de diagnóstico e formação. Logo eles que diziam que o tempo urgia. “Mas pra quê formar a população? Vai que depois eles se apoderam dos direitos deles e a gente não poderá mais bani-los da vista dos nossos clientes classe A. Apesar do nosso esforço em protegê-los dessa gentinha através dos supercondomínios fechados. Aff... esse povo aí querendo saber de reforma urbana, morar perto de nós... é mesmo o fim do mundo.”

Bem... mas vamos refletir... vamos prestar atenção em declarações como a do Fujita quando diz que a ZEIS ainda vão ser discutidas (imagino quantos vereadores receberão um leve mensalão patrocinado pelas construtoras para vetar as ZEIS). Mas é isso... continuarei observando.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Ajuda

Em minhas leituras diárias resolvi destacar um trecho de um livro muito legal que estou lendo:


“A ajuda moderna transgrediu todos os princípios da concepção tradicional dee ajuda. Longe de ser incondicional, a assistência moderna é abertamente calculista. Na maioria das vezes tem como base um cálculo minucioso das possibilidades de vantagem própria e não uma preocupação desinteressada coma necessidade alheia.

Na verdade, a ajuda já nem é mais um auxílio que se presta a alguém que realmente o necessite; ao contrário, é uma assistência cujo objetivo é eliminar algum tipo de déficit. Só muito raramente, a aflição óbvia, aquele grito de socorro de uma pessoa necessitada, é motivo que estimula um gesto de auxílio. Com muito mais freqüência, a ajuda – também freqüentemente irrecusável e compulsória – é conseqüência de uma necessidade que foi identificada externamente. A definição da necessidade de ajuda já não depende de um grito de socorro e sim de algum padrão externo de normalidade. Portanto, rouba-se, da pessoa que pede ajuda, sua autonomia de pedinte. Até a pertinência de um grito de socorro é determinada segundo esse padrão de normalidade.”

Marianne Gronemeyer in “Dicionário do Desenvolvimento. Guia para o conhecimento como poder.”