Ela então se senta na cama calça seus chinelos. Olha o relógio que aponta 5:40 da manhã. È muito cedo para um final de semana, mas ela não ousa voltar para cama. Ocupa-se então em limpar a casa, dobrar e organizar as roupas no armário. Vê alguma coisa na internet e resolver ler um pouco do livro que deixou encostado por conta do trabalho. Lê várias vezes o mesmo parágrafo e se esforça para não chorar.
Um amigo lhe visita e faz algumas perguntas. Suas mãos tremem e ela se esforça para manter o mesmo tom de voz. Ao deixa-lo à porta retorna pensando quando irá esquecer tudo. Uns falam que só com o tempo, outros apostam em um outro amor. O tempo está passando e ela agora não acredita neste remédio. E seu coração não tem lugar para mais ninguém. Por quê?
Pessoas cruzam sua vida e ela não consegue sentir mais do que carinho.
Com a viagem dos pais o apartamento vazio começa a lhe incomodar. Percebe então que o barulho e as confusões que antes eram nocivos agora servem de remédio para manter sua sanidade mental. Sozinha ela está consigo. Sozinha ela está com suas dúvidas, com suas tristezas.
Observa o entardecer da varanda, escutando uma sinfonia. Quer de volta sua alma que está vazia.
O sol vai embora, mas não leva a dor. Ela não se permite mais derramar uma lágrima sequer. Veste a camisola, bebe um copo de leite e deita na cama. O peito já não suporta, nem ela. Abraçando o travesseiro volta a fazer orações. Sente então que tudo vai ser necessário para o futuro.
E esse futuro que não chega.
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