segunda-feira, julho 23, 2007

Futuro do Brasil

Dia desses participei de uma Conferencia Municipal da Cidade de um município que, por lei, se encontra inserido na Região Metropolitana de Fortaleza.

Pediram-me para ser palestrante e assim fui.

Chegando lá, assisti com muita atenção a abertura do evento onde o ex-prefeito relatou todo o seu ato de bravura ao conseguir que aquele município fosse declarado componente da Região Metropolitana de Fortaleza. Mas o que é que tem por trás disso? O que faz com que um município de pouco mais de 20 mil habitantes, distante 40 Km da capital, com parcas relações econômicas com o município pólo, sem conurbação ou relação de movimento pendular se tornar Região Metropolitana?

Na ocasião, a queixa generalizada era que “eles não se sentiam região Metropolitana”. Será que é pelo fato deles realmente não serem RM? Que um simples papel assinado por um bando de políticos, que de política urbana não entendem nada, que vai fazer aquele município se tornar uma metrópole como um passe de mágica?

Outra coisa que me chamou a atenção foi o discurso retrô que maior parte deles teve. O grande lance é indústria, vamos trazer indústria para empregar. “Nós estamos sendo boicotados por outros municípios que negociam com as indústrias nas nossas costas. Vamos criar um pólo industrial aqui!” (O mesmo blá blá blá da década de 70, 80).

Acontece que o município não possui infra-estrutura para comportar indústria, nem capital intelectual para trabalhar. Mão de obra barata existe, mas quem disse que hoje a indústria emprega a massa desqualificada como antigamente?

Ao mesmo tempo em que eles reclamavam que estavam sendo discriminados na “divisão do bolo” dos recursos para a RMF, não existia NENHUM arquiteto, geógrafo ou engenheiro civil no quadro de funcionários da prefeitura para apresentar projetos e conseguirem acessar esses recursos. Ao mesmo tempo em que eles reclamavam do “boicote”, não existia nenhum economista ou administrador para trabalhar o município na identificação de potencialidades locais para inserção econômica na região.

Os pequenos municípios do estado do Ceará estão brincando de administrar. Achando que as coisas caem do céu e que ainda funciona como na época dos coronéis. Em minha opinião, grande parte dos municípios ainda não entendeu o que representa as conferencias das cidades. Estão apenas cumprindo tabela, completamente perdidos. Imbuído em uma cultura arcaica e corrupta. Prova disso foi que na volta para casa, uma pessoa da prefeitura me cobrou 20% dos meus pró-labores, pois caso contrário não haveria transporte de volta para Fortaleza. Depois de ter sido extorquida, me colocaram num carro da prefeitura, com gasolina da prefeitura e motorista da prefeitura que já tinha roteiro marcado para Fortaleza naquele horário.

Bem... para municípios como esse eu só digo uma coisa: “Bem feito!”.

Os cidadãos merecem os governantes que têm, pois eles são um espelho da sociedade. To cansada de presenciar a completa incompetência dessas administrações e o choro cínico de políticos metidos em negociatas.

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